terça-feira, 5 de junho de 2012

O hiperrealismo pela mão de Pedro Campos


Parecem, à primeira vista, fotografias, mas não são: são pinturas de óleo sobre tela.
É hiperrealista o pintor madrileno nascido em 1966 e formado pela Escola Oficial de Conservação e Restauro de Obras de Arte de Madrid, em 1988. O seu enorme talento permitiu-lhe trabalhar no restauro de pintura e outras formas de arte por toda a Espanha e valeu-lhe também um lugar como ilustrador em diversas agências de publicidade de renome internacional. Após uma década de experiências, que considera fundamentais para a sua pintura, é em 1998 que passa a dedicar-se exclusivamente a ela.



O arrojado artista escolhe temas de imenso detalhe e, ao mesmo tempo, absolutamente comuns. Latas de refrigerante, frutos, berlindes e livros são apenas alguns dos motivos escolhidos, todos eles representados de forma luminosa, com certa pureza, trazendo para a luz, para o primeiro plano, objetos cuja complexidade se faz secundária na vivência diária. Há no seu trabalho uma clara chamada de atenção para a beleza e para o pormenor de todas as coisas. A corrente artística que escolheu é claramente aquela por que se exprime melhor, e descrever o seu trabalho é descrever o hiperrealismo.




Basta cruzarmo-nos com uma obra sua, sem qualquer conhecimento prévio do que é ou de como se caracteriza a arte hiperrealista, para ter um entendimento, ainda que superficial, de que a capacidade de observação de Pedro Campos, e de artistas como ele, é deveras extraordinária.




O nível da representação gráfica conseguido é tal que gera automaticamente uma sensação de irrealidade dentro da realidade: é difícil conceber uma tal perfeição como sendo real, mas não a conseguimos, no entanto, dissociar da realidade.

Como toda a arte, independentemente de gostos e outras subjectividades, o hiperrealismo cria ao primeiro contato uma reação forte, neste caso, a dúvida. Esta é apenas uma parte do objetivo, uma das mostras do talento, a capacidade de iludir, aquela que se destina ao público, mas o hiperrealismo encerra muito mais. O espaço de criação para os hiperrealistas surge exatamente do exagero da realidade, ao ser tentada uma sensação mais real do que aquela por esta transmitida ou daquela que transmite a fotografia. Isto é conseguido pela adição minuciosa de detalhes e pela exacerbação dos detalhes existentes através da cor, das texturas, dos efeitos de iluminação, num jogo de luz e sombra que manipula também as proporções.  Aquilo que criam não só aparenta a realidade, como é esteticamente muito apelativo, vívido e definido. É curiosíssimo e muito significativo notar, perante isto, que essa realidade criada, que se aproxima de um ideal de perfeição, inclui o erro, a imperfeição, ao invés de os metamorfosear ou fazer desaparecer.  Pedro Campos, declara que, para que o criado pareça mais real que o real, tem como grande aliado um projetor digital, que lhe permite trabalhar muito mais rapidamente. Há que fazê-lo quando se vive da arte nos dias de hoje. Além do projetor, apoia-se apenas na fotografia digital e na sua extraordinária habilidade, num trabalho moroso que tem tanto de minúcia como de paciência.

Vale a pena visitar o site pessoal de Pedro Campos e também o da londrina Plus One Gallery, que o representa, e apreciar as magníficas peças do artista.

por Alexandre Romero/http://obviousmag.org
retirado de http://guiadeteresina.com/

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